Opinião: Sejamos Incrédulos ou Consequentes

Por: Orlando Anzoategui Jr.

É fato. Tanto o mercado financeiro quanto o econômico não sabem o que acontecerá daqui para frente. A incerteza é unânime. Todavia, a única certeza são os números negativos. O isolamento não é o problema em si. Após o retorno às atividades, muitos se depararão que a questão é mais profunda. È estrutural e não depende somente daqui. Os efeitos são em escala global.

Mesmo com a pandemia, por mais que se esforçasse, o comércio e o setor produtivo não alcançariam seus objetivos mínimos. O que resta hoje são os sonos perdidos e o que paira é o duvidoso futuro sob ameaça iminente de perda e insolvências.

Segundo pesquisa encomendada pelo Sebrae são 600 mil micro e pequenas empresas que fecharam e 9 milhões foram demitidos em razão dos efeitos econômicos da pandemia do COVID-19, simplesmente mais da metade dos empresários já tiveram seus pedidos negados de renegociação e outros na esperança de obter créditos e postergação para manter seus negócios e não demitir ou pedir falência.. 

Em sua Live, Roberto Setubal, do Itau-unibanco, sintetizou: empresas vão quebrar. Segundo ele, o momento é desafiador diante do cenário de “recessão brutal” na economia, sendo que a sociedade precisa aceitar a realidade e que haverá mudanças inevitáveis, com perda de empregos e quebra de empresas em meio aos impactos econômicos pela pandemia.

Em junho termina o prazo da postergação dos impostos e débitos. As empresas e famílias terão que reiniciar os pagamentos para o fisco e bancos. Ocorre que não há dinheiro no mercado, tampouco um plano para fazer circular. O que é mais pior, muitas incertezas assim geram mais dúvidas e retiram o ânimo. O que fazer nesta situação é o que todos se perguntam.

Bem, o fato é que a sobrevivência financeira perfaz primeiro, até porque ela não para, enquanto que o econômico é o contrário. Este sim parado, como um relógio suspenso no tempo, a economia suspira, não dando trégua as receitas e despesas que se propalam nos dias, deixando antever uma grave disparidade.

Negociar com os credores, remodelar a gestão, repaginar o comercial, alterar o foco, mudanças de plano, revisão dos custos, reestruturação e renegociações de toda ordem são as palavras de ordem.

O que esperar do resultado das renegociações e prorrogações é uma incógnita porque todos estão nesta mesma ordem de fatores.

A consequência seguirá o caso conforme conduzido pelas partes envolvidas e cada pretensão ditará a resolução ou não do problema porque a matemática nestes casos não será exata, o que deixa muitos atônitos.

Muitos poderão seguir o caminho mais curto para resolver o problema financeiro, que é deixar de pagar, simplesmente.

Entretanto, tem-se um horizonte pela frente. Empresas e famílias precisam sobreviver ao ponto que a persistência e a vontade de seguir são mais consequentes do que parar.

Muitos olharão tudo isto como um obstáculo. Outros como uma forma de avançar, aprendendo com as dificuldades e que através dela é que são feitas as grandes conquistas. Este é o tom.

Não há caminho de volta. Somente há a consequência. Inexiste fórmula exata para sair desta crise financeira e econômica. O certo que aquele que afirmar saber o caminho é o mais incrédulo de todos. O vendendor das incertezas. Este é aquele que não mede as consequências das coisas. E ninguém precisa disto agora.

Sobre o advogado Orlando Anzoategui Junior

Advogado graduado pela Universidade Estadual de Maringá em 1994, pós-graduação em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina, com especialização em Direito Financeiro, Bancário, Imobiliário, Sistema Financeiro da Habitação e Urbanístico. Presidente da Comissão da Habitação e Urbanismo OAB-PR (2004-2006). Autor de diversos artigos e palestras.   

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